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Há 30 anos, Paulo Lima faz entrevistas com as personalidades mais interessantes do país 6n526k

Há 30 anos, Paulo Lima faz entrevistas com as personalidades mais interessantes do país

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A elegância do samba tem nome: Péricles
A elegância do samba tem nome: Péricles
O artista fala sobre o ABC, fase pós-Exaltasamba, impacto do álcool, perda de 50kg, reencontro com Angola e o envelhecer “Aos 55 anos, encaro a finitude como algo inevitável. A certeza é que a gente vai permanecer de alguma forma, seja através dos filhos, da obra, dos frutos que deixamos. Quando pensamos assim, a morte deixa de ser um tabu", diz Péricles. Dono de uma das vozes mais marcantes do samba e do pagode brasileiros, ele bateu um papo sincero com Paulo Lima no Trip FM. Na conversa, que vai muito além da música, Péricles fala sobre saúde, paternidade, racismo, espiritualidade, reinvenção e legado – sempre com a generosidade de quem não tem medo de se mostrar por inteiro. O artista também relembra sua infância no ABC paulista e divide momentos delicados como o impacto do álcool em sua vida. “A bebida por muito tempo foi uma fuga. Mas não dá pra você se esconder nisso durante muito tempo porque a vida segue e você tem que continuar, senão fica para trás”, afirma. O músico também compartilha a experiência emocionante de uma viagem a Angola – um reencontro com suas raízes: “Era como se as pessoas fossem meus primos, meus irmãos. Minha família veio de Angola, é algo que mexe muito com a gente. Mas aqui é o meu lugar, foi onde eu nasci. E é aqui que eu tenho que fazer a minha revolução." [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/05/682f838d07b3b/pericles-cantor-samba-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Rodolfo Magalhãe / Divulgação; LEGEND=Péricles; ALT_TEXT=Péricles] Você já falou sobre a importância de parar para se cuidar. Quando isso virou uma urgência para você? Péricles. Eu precisava parar para poder me cuidar. A gente entrou numa... como é que eu posso dizer... a gente estava no olho do furacão, emendando um trabalho no outro, e eu não conseguia parar. Quando a Maria Helena nasceu, eu entendi que precisava ter saúde para cuidar dela. Como foi ar por isso durante a pandemia? Eu peguei Covid, como várias outras pessoas. Na primeira vez, fiquei 20 dias isolado, sem falar com ninguém. Assim que melhorei, minha esposa ficou mais 15 dias isolada. E tudo isso aconteceu bem na época do nascimento da nossa filha. Foi aí que você decidiu mudar de vida? Sim. Foi nesse momento que a gente reciclou as ideias. Comecei a me cuidar mais, com acompanhamento médico. E aprendi que não existe fórmula mágica: alimentação, exercício e cuidado médico. Esse é o tripé. Não conheço outra forma de vencer. Você cresceu no ABC paulista. Como foi esse ambiente na sua formação? Fui criado num bairro perto de várias saídas do ABC para São Paulo. Tinha de tudo: espanhóis, italianos, nordestinos, negros. E a gente era criado igual. Só anos depois fui entender o que era o preconceito. Na infância, isso não existia pra gente. Você já falou abertamente sobre o álcool. Como foi esse processo? Bebi muito. Durante um tempo, a bebida foi uma fuga. Mas a verdade é que isso não funciona. Quando você começa a perder rendimento, percebe que essa fuga não resolve. Você acorda todo dia e a vida continua. Se você não continua também, fica pra trás.
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Qual o valor da arte brasileira?
Qual o valor da arte brasileira?
Vilma Eid vive e estuda a arte popular há 40 anos. A galerista fala de talento, preconceito e o deslumbramento recente da "elite" Com uma das maiores defensoras da arte popular brasileira, Vilma Eid nunca pensou em desistir – nem mesmo quando ou quatro anos tocando uma galeria sem vender uma única obra. “Nunca me ocorreu dizer: não vou mais trabalhar com isso", disse a diretora artística e fundadora da Galeria Estação, em São Paulo. No Trip FM, ela conta como resistiu ao preconceito do mercado ao valorizar obras de estilos artísticos sub-representados no país. “A SP-Arte, principal feira de arte da América Latina, levou quatro anos para me aceitar. Diziam: ‘Os outros galeristas não querem uma galeria de arte popular’. Nunca levei para o lado pessoal. Mas, pra mim, o que mais doía era ver meu trabalho e, principalmente, os meus artistas, sendo colocados de lado.” No papo com Paulo Lima, ela também relembra momentos inusitados – como a vez em que andou com uma tela de Marc Chagall, um dos pintores mais importantes do Surrealismo, no porta-malas do carro, sem seguro ou embalagem. Hoje, parte da coleção pessoal de Vilma está em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, na exposição "Em cada canto", que reúne mais de cem obras e propõe um diálogo entre a arte popular, a moderna e a contemporânea, desafiando as classificações tradicionais – exatamente como Vilma sempre defendeu. "Às vezes eu mesma me pergunto como é que eu soube que esse era o caminho, não foi uma escolha racional. Era uma necessidade minha”, disse. O programa fica disponível no Spotify e no site da Trip! [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/05/68273e255712c/vilma-eid-galerista-arte-popular-brasileira-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=; LEGEND=; ALT_TEXT=] Você já pensou em desistir da arte em algum momento? Vilma Eid. Nunca me ocorreu dizer: “Não, eu não vou mais trabalhar com isso, vou procurar outra coisa”. Não me ocorreu. Eu sofri muito preconceito, assim como esses artistas sempre sofreram. Mas não era uma escolha racional. Era uma necessidade minha. Às vezes eu me pergunto como é que eu soube que esse era o caminho... Mas é porque era o que eu precisava fazer. Houve um período difícil no começo da galeria? A gente ou quatro anos sem vender nada. As pessoas vinham aqui porque tinham ouvido falar que a galeria era bonita, um espaço novo e tal. Entravam e perguntavam: “Isso aqui é do município? É do estado?” A SP-Arte levou quatro anos para me aceitar. As desculpas eram várias: “Os outros galeristas não querem uma galeria de arte popular”. Nunca levei isso pro lado pessoal. Mas, pra mim, o mais dolorido era pelo meu trabalho, pelos meus artistas. Como você enxerga o mercado de arte hoje? As pessoas estão usando muito o termo... Não é mais arte, é commodities. Outro dia, um jovem virou pra mim e disse: “Esse mercado que você está descrevendo, Vilma, não existe mais”. Pois é. Eu não fui preparada para o mercado de hoje. Eu vejo com muita ressalva essa euforia, que nem sempre é verdadeira. Parece que a gente tem que dizer que a exposição foi um sucesso, que vendeu não sei quantas obras, que faturou não sei quanto... Senão o cliente não acredita. E o reconhecimento internacional? Como você vê esse movimento recente? O Sul Global virou 'moda' e, de certa forma, a gente ganha com isso. Há um entendimento crescente nos EUA e na Europa de que é preciso olhar além do próprio umbigo. Mas ainda é um fenômeno mais geopolítico do que artístico. Mesmo Tarsila do Amaral, com toda a sua relevância, só teve sua primeira grande exposição na Europa recentemente.
Mundo y sociedad 2 semanas
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O Homem que ousou dirigir Gilberto Gil
O Homem que ousou dirigir Gilberto Gil
Rafael Dragaud fala sobre arte com propósito, bastidores da TV, parcerias com Regina Casé, Paulo Gustavo e o desafio de dirigir turnê do Gil Rafael Dragaud é o diretor artístico da turnê Tempo Rei, a última da carreira de Gilberto Gil. No Trip FM, ele fala sobre o processo de criação do espetáculo e sobre o Brasil, esse país que “está eternamente acabando e renascendo" – ideia inspirada por uma conversa com o próprio Gil, que já foi sogro de Rafael durante seu casamento com Preta Gil. Com uma carreira que a pela criação de programas de televisão, filmes e shows, Dragaud construiu uma trajetória que mistura cultura popular, reflexão política e transformação social. Roteirista de mais de dez longas, como Cinco Vezes Favela e Minha Mãe é uma Peça, ele dirigiu shows marcantes como Ivete no Maracanã, Ivete, Gil e Caetano e Batalha do inho. Fundador da Central Única das Favelas (Cufa) e vencedor de dois Grammys, o carioca de 53 anos também deixou sua marca na TV Globo com projetos como Falas Negras, Falas da Terra, Linha Direta e Amor & Sexo. Na conversa com Paulo Lima, o diretor artístico também reflete sobre a importância de um audiovisual com propósito – capaz de tocar, emocionar e mover estruturas. “As questões ligadas à desigualdade no Brasil aram a me guiar. Como homem branco e hétero, entendi que, em projetos que abordassem esses temas, meu papel era apoiar e aprender com lutas que não são minhas, sem necessariamente ter a palavra final neles. Isso se tornou uma ética no meu processo criativo." O programa fica disponível no play aqui em cima e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/05/681e62a4b0445/rafael-dragaud-produtor-artisticos-globo-gilberto-gil-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Arquivo pessoal; LEGEND=Rafael Dragaud é o diretor artístico da turnê Tempo Rei, a última da carreira de Gilberto Gil.; ALT_TEXT=Rafael Dragaud é o diretor artístico da turnê Tempo Rei, a última da carreira de Gilberto Gil.] Você fala do Gilberto Gil com uma iração muito especial. O que ele representa pra você? Rafael Dragaud. A verdade é que o Gil tem um quê de inexplicável, que é fascinante. É lógico que ele sintetiza o Brasil, é lógico que ele expande o Brasil. O Gil é um Brasil e o que o Brasil poderia ser — e o que o Brasil é. É um negócio muito louco. Ele é um orixá, mas também tem uma coisa católica... Junta todas as cosmogonias: é indígena, é africano, é brasileiro — e é muito ele. Ele é uma aula constante. Eu tô muito mergulhado nisso, inclusive, em estar o mais aberto possível pra essa aula. Pra mim, não é um trabalho fazer isso. Você deixou a Globo depois de 30 anos. O que te levou a fazer essa mudança? Eu tive uma fase muito profissional, industrial, foram 30 anos de TV Globo. E eu resolvi, ao sair da Globo, abraçar a artesania. Não tive assistente de direção nesse trabalho com o Gil, por exemplo. Eu escolhi cada foto, li cada livro, ouvi cada disco de novo. Mergulhei num processo totalmente artesanal. Claro que não abri mão do meu profissionalismo, porque ele tá em mim. Mas abracei um jeito mais artesanal de trabalhar. Fiquei um ano dedicado a isso. Essa mudança de processo também tem a ver com uma escuta mais atenta ao outro? Totalmente. Essas questões ligadas à desigualdade, à raça — que no Brasil são muito próximas — me direcionaram. E eu, como homem branco, hétero, estava apoiando e aprendendo sobre causas que não são as minhas. Em projetos assim, eu necessariamente não devo ser o protagonista, nem ter a palavra final. Isso combinou com a minha ética de processo. Porque, acima de tudo, por mais que eu seja vaidoso e egóico como muita gente, eu escuto mais do que a média. Eu escuto. Por fim, como você vê o Brasil hoje? O Brasil não tem futuro — e tem o maior futuro de todos. Ele está eternamente acabando e renascendo. A gente faz parte desse movimento o tempo todo. Se você olhar pra trás, esse padrão está lá. É que o Brasil está morrendo e renascendo desde que foi inventado. O Gil tem uma imagem linda: ele fala que o estado que ele busca é o do arinho que pousa no tronco que desce o rio — ele está parado num movimento. É isso.
Mundo y sociedad 3 semanas
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Alexandre Coimbra: Um psicólogo que toca o coração
Alexandre Coimbra: Um psicólogo que toca o coração
Os efeitos psíquicos da pressão nas empresas, os desafios da fama, a crise do masculino e a urgência de reconstruir vínculos "Desde muito cedo, entendi que o sofrimento humano não vem de dentro. Nasce no encontro das pessoas com o seu tempo, país, condição social e com a sua religiosidade", diz o psicólogo Alexandre Coimbra Amaral. No papo com Paulo Lima no Trip FM, o especialista mergulha em temas urgentes: burnout, masculinidade, pertencimento, infância e medicalização da vida. Com uma trajetória que inclui trabalho clínico, experiência em grandes empresas e participações em programas de TV, Alexandre é autor do best-seller "Cartas de um terapeuta para seus momentos de crise", que vendeu mais de 13 mil exemplares no Brasil. Agora, ele se prepara para lançar seu primeiro livro infantil, "De Onde Nascem as Perguntas?", uma obra poética que convida as crianças a enxergarem a dúvida como um caminho para o crescimento pessoal. Na entrevista, ele reflete sobre os desafios do nosso tempo e compartilha sinais de esperança, como o aumento de grupos masculinos de escuta, movimentos coletivos contra o individualismo e a redescoberta da natureza como forma de cura. O programa fica disponível no play aqui em cima e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/04/680bc50910a67/alexandre-coimbra-amaral-psicologo-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Alexandre Coimbra Amaral; ALT_TEXT=Alexandre Coimbra Amaral]
Mundo y sociedad 1 mes
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Lázaro, Wagner e Vladimir: baianidade em três atos
Lázaro, Wagner e Vladimir: baianidade em três atos
Em homenagem à turma de amigos mais carismática da TV, o Trip FM reúne trechos de conversas com os três atores numa edição especial O Trip FM desta semana abre espaço para um episódio especial da série Dois de Ouro — que, desta vez, vira Três. O programa reúne trechos de conversas com Wagner Moura, Lázaro Ramos e Vladimir Brichta, três atores que se formaram no teatro baiano e ganharam projeção nacional com a peça A Máquina, no início dos anos 2000. Além da trajetória profissional, os três compartilham uma amizade antiga. “Temos um grupo de WhatsApp ativado diariamente com uma quantidade muito grande de besteira, outra quantidade grande de afeto e outra de assuntos relevantes. Nós três temos apartamento no mesmo prédio em Salvador. Nossos filhos são amigos. São irmãos pro resto da vida”, conta Wagner. Mesmo morando parte do tempo fora do país, Wagner reforça o quanto permanece ligado à sua origem. “Eu sou muito conectado com a Bahia. Quando trabalho fora, sinto que o que me torna interessante é justamente isso: eu vim de Salvador, tenho família do sertão... Meu axé está aí”, diz. Lázaro relembra a influência da tia que o levou para estudar em Salvador. “Minha família toda vem da Ilha do Paty, no Recôncavo Baiano, que até hoje não tem água encanada. Quando minha tia saiu dessa ilha e foi morar em Salvador, a primeira coisa que ela fez foi pegar os sobrinhos e ir levando pra estudar. Essa mulher criou 18 crianças, e eu fui uma delas", conta. “O conceito de felicidade, de sucesso, era se todos estivessem também. Hoje em dia, meu conceito é exatamente esse”. Vladimir também fala sobre o processo de reconhecimento das próprias raízes: “À medida que fui morando no Rio, fui entendendo o quanto eu era baiano. Minhas referências culturais, minha escola, tudo veio de lá. Eu sou muito baiano mesmo, com muito orgulho.” O programa reúne reflexões sobre amizade, identidade, paternidade e arte, costuradas por histórias e visões desses três nomes centrais da cultura brasileira.
Mundo y sociedad 1 mes
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Luis Lobianco luto, Porta e 'Vale Tudo'
Luis Lobianco luto, Porta e 'Vale Tudo'
O peso da perda da mãe marcou o ator, que lapidou sua leveza no humor, ganhou projeção no Porta dos Fundos e agora se destaca em "Vale Tudo" No ar no remake de “Vale Tudo”, na TV Globo, Luis Lobianco já interpretava diversos papéis desde pequeno, imaginando-se caçador ou cirurgião plástico. Foi no teatro que ele encontrou um lugar de cura quando a perda da mãe marcou profundamente sua infância. "Fui precoce em muitos sentidos, mas também fiquei uma criança eterna, precisando de colo, de amor", diz o ator e humorista. "É uma reconstrução mesmo — de identidade, de autoestima, de se perceber no mundo com esse buraco." Em um papo com Paulo Lima no Trip FM desta sexta-feira (4), Luis relembra sua trajetória pessoal e artística, revelando bastidores do Porta dos Fundos, produtora que o projetou nacionalmente. “O Porta era um grupo de pessoas inadequadas para o mercado. Ninguém imaginava que ia virar o que virou”, conta. Entre risos, memórias e reflexões, ele também reforçou o compromisso de usar sua visibilidade na luta contra a discriminação: "Comecei a construir a minha sexualidade, a entender o que eu era, o que eu gostava, só quando eu saí da escola. É tão injusto largar tão atrás... Um desejo que eu tenho é que crianças e adolescentes possam se expressar livremente, porque isso é um grande adianto na vida, na autoestima, na construção da identidade." O programa fica disponível no Spotify e no site da Trip! [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/04/67eeff53f2456/luis-lobianco-ator-vale-tudo-globo-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Luis Lobianco; ALT_TEXT=Luis Lobianco] Trip. De que forma a perda da sua mãe impactou sua infância e autoestima? Com a morte da minha mãe, eu fui uma criança precoce em muitos sentidos. Sei lá, oito anos, eu ia sozinho pra escola, pagava conta no banco. Por outro lado, paralelo a isso, também ficou uma criança eterna, precisando de colo, precisando de amor, querendo que alguém pegue no colo. O mais duro é que você perde completamente a sua autoestima, porque você imagina: você está na escola, todo mundo tem mãe, você não tem. Eu tinha muita vergonha de falar que eu não tinha mãe quando era criança. Eu não falava, sabe? Eu evitava esse assunto. Porque é uma reconstrução mesmo, de identidade, de autoestima, de se perceber no mundo com esse buraco, né? Para onde vai esse luto que se cria na cabeça da criança? Que sinapse que faz ali que depois você não consegue desfazer nunca mais, entendeu? Como foi a sua vivência afetiva e o processo de descoberta da sexualidade na adolescência? Eu não tinha uma vivência que os meus outros amigos e amigas tinham de ter um namorado, uma namorada, ficar apaixonado, escrever no diário. Todo mundo quer um momento dessa descoberta, mas é muito cruel que a gente não podia expressar isso de forma alguma. Eu comecei a construir isso, a minha sexualidade, entender o que eu era, o que eu gostava, quando eu saio da escola. Mas olha só que droga largar tão atrás. É tão injusto. Um desejo que eu tenho é que crianças e adolescentes possam se expressar livremente quando for o momento de ter as primeiras sensações da sexualidade, da orientação, do gênero. Porque isso é um grande adianto na vida, entendeu? É um grande adianto na autoestima, na construção da identidade. Como foi o início da sua trajetória no Porta dos Fundos e o impacto do grupo na sua carreira? Em 2012, YouTube era tudo mato. Fui convidado para o Porta e pensei: 'Olha mais um grupo se reunindo para fazer uma coisa sem dinheiro'. Quase que eu não fui. O Porta era um grupo de pessoas inadequadas para o mercado, porque o mercado não absorvia e não investia nesses atores, autores, diretores, ideias e nesse humor. A gente se juntou para fazer algo que fazia sentido para a gente. O humor, até pela possibilidade do improviso, são palcos mais generosos. Ninguém imaginava que ia virar o que virou. O Porta estreou e, em poucos dias, todas as TVs estavam ligando com convites. Finalmente consegui entrar na bolha do audiovisual. Você acredita que a arte tem um papel de cura? A gente teve um belo demonstrativo aí, na pandemia, do que a arte pode fazer pelas pessoas. A arte no sentido de cura mesmo. E ouvi algumas vezes coisas do tipo: ‘eu pensei em me matar, mas eu assisti o programa, eu vi uma cena, eu vi isso e aí eu ri e aí eu vi que a vida vale a pena’. A gente sabe onde a gente encontra cura. A gente só tem que ceder menos ao medo e ao ódio. E aí a gente tem alguma chance.
Mundo y sociedad 1 mes
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Falamos com um sobrevivente do desastre dos Andes
Falamos com um sobrevivente do desastre dos Andes
Mais de 50 anos depois da queda do voo da Força Aérea Uruguaia na Cordilheira dos Andes, Antonio Vizintín conta com sobreviveu à tragédia “Apesar de tanto ter entrado em contato com a morte nos Andes, a morte de minha esposa foi um golpe duro, me abalou muito mais. Mas a vida segue, não podemos nos deixar prender por esses momentos. Se na montanha não nos permitimos chorar porque isso nos destruiria, aqui também não podíamos”. A frase de Antonio Vizintín, o Tintin, mostra a força que marcou sua trajetória como um dos sobreviventes do famoso acidente aéreo nos Andes. Em outubro de 1972, um erro causou a queda de um avião da Força Aérea Uruguaia no meio da Cordilheira dos Andes. Durante 72 dias, os 28 sobreviventes lutaram pela vida em condições extremas, tomando decisões impensáveis para sobreviver, como se alimentar da carne de seus companheiros falecidos. “Quebramos um tabu religioso, um tabu humano, mas era uma decisão de vida ou morte. Ou nos alimentávamos e sobrevivíamos, ou não nos alimentávamos e morríamos. Foi uma decisão tomada a 3600 metros de altura, com muito frio, muita fome e uma imensa vontade de continuar vivos", conta. Em 1992, vinte anos depois da tragédia, Paulo Lima se encontrou pela primeira vez com Tintin, na época com 38 anos, para uma entrevista que estampou as páginas da Trip. Agora, eles voltam a conversar no Trip FM. Além de relembrar os momentos mais marcantes daquela experiência, o uruguaio compartilha as lições de vida que carregou nos últimos 50 anos.“Não foi por acaso que saímos da montanha. Houve muito raciocínio, planejamento, cálculo, estratégia. Foi a inteligência humana, e não o acaso, que nos permitiu sobreviver", afirma. “As pessoas acham que essa é uma história de sucesso, mas, na verdade, é uma história de muitos fracassos. Tentamos muitas expedições, falhamos, mas ganhamos experiência e aplicamos na tentativa seguinte. Assim é a vida: fracassar, aprender e evoluir”. Você pode conferir esse papo no play aqui em cima ou no Spotify do Trip FM. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/03/67e6ea6f4eccb/antonio-vinzitin-tintin-acidente-aviao-andes-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Reprodução; LEGEND=Em outubro de 1972, por causa de uma falha humana, um avião da Força Aérea Uruguaia perdeu altitude e acabou se chocando contra a Cordilheira dos Andes; ALT_TEXT=Em outubro de 1972, por causa de uma falha humana, um avião da Força Aérea Uruguaia perdeu altitude e acabou se chocando contra a Cordilheira dos Andes] Trip. Depois de viver o que viveu, como você lidou emocionalmente com a perda da sua esposa, anos depois? Antonio Vizintín. A morte de minha esposa foi um golpe muito duro para mim e para meus filhos. Foi uma época muito difícil, em que eu chorava na ducha para que ninguém me visse. Apesar de estar em contato com a morte na montanha, essa perda me atingiu muito mais. A vida parecia ir bem ao lado da família e, de repente, tudo muda. Foi um golpe muito duro, mas a vida segue. Não podemos nos deixar prender por esses momentos, precisamos seguir em frente. O que foi mais difícil durante a experiência na montanha"] Como a experiência na montanha mudou sua visão sobre o que realmente importa na vida? Quando tudo parece perdido, você começa a dar valor às pequenas coisas: uma ducha quente, um prato de comida, um copo de água. E, principalmente, momentos com as pessoas que amamos. Nunca sabemos quando será o último abraço ou o último beijo. Essas pequenas coisas, que muitas vezes negligenciamos, são as que realmente importam.
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Humor, sanduíches e arquitetura por Isay Weinfeld
Humor, sanduíches e arquitetura por Isay Weinfeld
Crítico, arquiteto bateu um papo sobre arte, empreendedorismo, sociedade e seu incômodo com falta de preocupação cultural no mercado "Nunca achei que o arquiteto devia ser só que arquiteto. Meu mundo sempre foi vasto, meus interesses são amplos e tenho muita sede de aprender", diz Isay Weinfeld. "Eu odeio me repetir. É um transtorno, porque exige mais esforço, tempo e investimento para renovar o repertório a cada obra". Arquiteto de formação, mas inquieto por natureza, Isay sempre transitou entre diferentes formas de expressão, dirigindo filmes, montando exposições e criando cenários teatrais. Essa sensibilidade artística se traduz em seu trabalho na arquitetura, onde cada espaço conta uma história. "Na realidade, é tudo a mesma coisa", afirma. "A única coisa que eu sei fazer é pegar dois ou três objetos diferentes e arranjá-los de uma certa forma". Crítico e perspicaz, o arquiteto bateu um papo com Paulo Lima sobre arte, empreendedorismo, sociedade e seu incômodo com a falta de preocupação estética e cultural que existe no mercado. "Boa parte das incorporadoras está preocupada em ganhar seu rico dinheirinho e nada mais. Acho um absurdo que não tenham vontade e desejo de deixar algo de qualidade para as próximas gerações", diz. O programa completo você confere aqui, no site da Trip, e no Spotify.  [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/03/67dd92ff1737f/1006x566x960x540x36x22/isay-weinfeld-arquiteto-trip-fm-mh.jpg?t=1742580825602; CREDITS=Bob Wolfenson; LEGEND=Isay Weinfeld; ALT_TEXT=Isay Weinfeld] Seu campo de atuação é bastante amplo. Como você descreveria sua relação com a arquitetura? Isay Weinfeld. Meu mundo sempre foi vasto, meus interesses são muito amplos e eu tenho muita sede de aprender. E eu nunca achei que o arquiteto devia ser só arquiteto. Eu odeio me repetir. Então, é um transtorno em termos de gestão, porque você gasta muito mais, perde muito mais tempo tentando renovar o seu repertório em cada uma das obras. Além da arquitetura, você se dedica a áreas como cinema, artes plásticas e literatura. Como essas diferentes expressões artísticas se conectam no seu trabalho? Eu sou apaixonado por objeto. Realmente, eu tenho paixão. Pra te falar a verdade, se você olhar, eu faço cinema, faço arquitetura, artes plásticas, literatura... Parece que eu sou muito talentoso, o que é uma mentira terrível. Na realidade, é tudo a mesma coisa. A única coisa que eu sei fazer é pegar dois ou três objetos diferentes e arranjá-los de uma certa forma. Qual é sua visão sobre a influência da elite econômica na arquitetura e no desenvolvimento urbano? As pessoas, essa elite, quando têm dinheiro e educação, é uma coisa. Quando só têm dinheiro, é outra coisa. Para simplificar, né? Então, aí os desejos são outros. Copiam coisas de lugares que não têm nada a ver com o nosso país. As incorporadoras também, e boa parte delas está muito preocupada em ganhar o seu rico dinheirinho e nada mais. Acho um absurdo que eles não tenham vontade e desejo de deixar alguma coisa de qualidade para outra geração, para os próprios filhos e netos. Acha que o mundo ainda tem jeito? Como tem reagido a esses absurdos de Donald Trump, por exemplo? Eu te falo sinceramente: chegar com ideias opostas, mirabolantes, isso não me assusta. Pode ter coisa boa, pode ter coisa ruim, mas eu fico muito mal impressionado com a falta de educação e de respeito dessas pessoas com o próximo em todos os sentidos. Então, isso me choca mais do que as ideias. Apesar de não concordar com nenhuma, as pessoas têm o direito de se expressar.
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Regina Casé, 71 e acelerando!
Regina Casé, 71 e acelerando!
A atriz e apresentadora fala sobre família, religião, casamento e conta pra qual de seus tantos amigos ligaria de uma ilha deserta Regina Casé bem que tentou não comemorar seu aniversário de 71 anos, celebrado no dia 25 de fevereiro. Mas o que seria um açaí com pôr do sol na varanda do Hotel Arpoador se transformou em um samba que só terminou às 11 horas da noite em respeito à lei do silêncio. "Eu não ia fazer nada, nada, nada mesmo. Mas é meio impossível, porque todo mundo fala: vou ar aí, vou te dar um beijo", contou em um papo com Paulo Lima. A atriz e apresentadora tem esse talento extraordinário pra reunir as pessoas mais interessantes à sua volta. E isso vale para seu círculo de amigos, que inclui personalidades ilustres como Caetano Veloso e Fernanda Torres, e também para os projetos que inventa na televisão, no teatro e no cinema.  Inventar tanta coisa nova é uma vocação que ela herdou do pai e do avô, pioneiros no rádio e na televisão, mas também uma necessidade. “Nunca consegui pensar individualmente, e isso até hoje me atrapalha. Mas, ao mesmo tempo, eu tive que ser tão autoral. Eu não ia ser a mocinha na novela, então inventei um mundo para mim. Quase tudo que fiz fui eu que tive a ideia, juntei um grupo, a gente escreveu junto”, afirma. No teatro, ao lado de artistas como o diretor Hamilton Vaz Pereira e os atores Luiz Fernando Guimarães e Patrícia Travassos, ela inventou o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, que revolucionou a cena carioca nos anos 1970. Na televisão, fez programas como TV Pirata, Programa Legal e Brasil Legal. "Aquilo tudo não existia, mas eu tive que primeiro inventar para poder me jogar ali”, conta. LEIA TAMBÉM: Em 1999, Regina Casé estampou as Páginas Negras da Trip De volta aos cinemas brasileiros no fim de março com Dona Lurdes: O Filme, produção inspirada em sua personagem na novela Amor de Mãe (2019), Regina bateu um papo com Paulo Lima no Trip FM. Na conversa, ela fala do orgulho de ter vindo de uma família que, com poucos recursos e sem faculdade, foi pioneira em profissões que ainda nem tinham nome, do título de “brega” que recebeu quando sua originalidade ainda não era compreendida pelas colunas sociais, de sua relação com a religião, da dificuldade de ficar sozinha – afinal, “a sua maior qualidade é sempre o seu maior defeito” –,d o casamento de 28 anos com o cineasta Estêvão Ciavatta, das intempéries e milagres que experimentou e de tudo o que leva consigo. “Eu acho que você tem que ir pegando da vida, que nem a Dona Darlene do Eu Tu Eles, que ficou com os três maridos”, afirma. “A vida vai ando e você vai guardando as coisas que foram boas e tentando se livrar das ruins”. Uma das figuras mais iradas e iráveis do país, ela ainda revela para quem ligaria de uma ilha deserta e mostra o presente de aniversário que ganhou da amiga Fernanda Montenegro. Você pode conferir esse papo a seguir ou ouvir no Spotify do Trip FM.  [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/03/67d446165a3ce/header-regina-interna.jpg; CREDITS=João Pedro Januário; LEGEND=; ALT_TEXT=] Trip. Além de atriz, você é apresentadora, humorista, escritora, pensadora, criadora, diretora… Acho que tem a ver com uma certa modernidade que você carrega, essa coisa de transitar por 57 planetas diferentes. Como é que você se apresentaria se tivesse que preencher aquelas fichas antigas de hotel? Regina Casé. Até hoje ponho atriz em qualquer coisa que tenho que preencher, porque acho a palavra bonita. E é como eu, vamos dizer, vim ao mundo. As outras coisas todas vieram depois. Mesmo quando eu estava há muito tempo sem atuar, eu era primeiramente uma atriz. E até hoje me sinto uma atriz que apresenta programas, uma atriz que dirige, uma atriz que escreve, mas uma atriz. Você falou numa entrevista que, se for ver, você continua fazendo o mesmo trabalho. De alguma maneira, o programa Brasil Legal, a Val de "Que Horas Ela Volta", o grupo de teatro "Asdrúbal Trouxe o Trombone" ou agora esse programa humorístico tem a mesma essência, um eixo que une tudo isso. Encontrei entrevistas e vídeos maravilhosos seus, um lá no Asdrúbal, todo mundo com cara de quem acabou de sair da praia, falando umas coisas muito descontraídas e até mais, digamos assim, sóbrias. E tem um Roda Viva seu incrível, de 1998. Eu morro de pena, porque também o teatro que a gente fazia, a linguagem que a gente usava no Asdrúbal, era tão nova que não conseguiu ser decodificada naquela época. Porque deveria estar sendo propagada pela internet, só que não havia internet. A gente não tem registros, não filmava, só fotografava. Comprava filme, máquina, pagava pro irmão do amigo fazer aquilo no quarto de serviço da casa dele, pequenininho, com uma luz vermelha. Só que ele não tinha grana, então comprava pouco fixador, pouco revelador, e dali a meses aquilo estava apagado. Então, os documentos que a gente tem no Asdrúbal são péssimos. Fico vendo as pouquíssimas coisas guardadas e que foram para o YouTube, como essa entrevista do Roda Viva. Acho que não a quatro dias sem que alguém me mande um corte. "Ah, você viu isso? Adorei!". Ontem o DJ Zé Pedro me mandou um TED que eu fiz, talvez o primeiro. E eu pensei: "Puxa, eu falei isso, que ótimo, concordo com tudo". Quanta coisa já mudou no Brasil, isso é anterior a tudo, dois mil e pouquinho. E eu fiquei encantada com o Roda Viva, eu era tão novinha. Acho que não mudei nada. Quando penso em mim com cinco anos de idade, andando com a minha avó na rua, a maneira como eu olhava as pessoas, como eu olhava o mundo, é muito semelhante, se não igual, a hoje em dia.  [VIDEO=https://www.youtube.com/embed/rLoqGPGmVdo; CREDITS=; LEGEND=Em 1998, aos 34 anos, Regina Casé foi entrevistada pelo programa Roda Viva, da TV Cultura; IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/03/67d49b0ede6d3/1057x749x960x540x52x40/screen-shot-2025-03-14-at-180926.png] O Boni, que foi entrevistado recentemente no Trip FM, fala sobre seu pai em seu último livro, “Lado B do Boni”, como uma das pessoas que compam o que ele é, uma figura que teve uma relevância muito grande, inclusive na TV Globo. Conta um pouco quem foi o seu pai, Regina. Acho que não há Wikipedia que possa resgatar o tamanho do meu pai e do meu avô. Meu avô é pioneiríssimo do rádio, teve um dos primeiros programas de rádio, se não o primeiro. Ele nasceu em Belo Jardim, uma cidadezinha do agreste pernambucano, do sertão mesmo. E era brabo, criativo demais, inteligente demais, e, talvez por isso tudo, impaciente demais, não aguentava esperar ninguém terminar uma frase. Ele veio daquele clássico, com uma mão na frente e outra atrás, sem nada, e trabalhou na estiva, dormiu na rua até começar a carregar rádios. Só que, nos anos 20, 30, rádios eram um armário de madeira bem grandão. Daí o cara viu que ele era esperto e botou ele para instalar os rádios na casa das pessoas. Quando meu avô descobriu que ninguém sabia sintonizar, que era difícil, ele aprendeu. E aí ele deixava os rádios em consignação, botava um paninho com um vasinho em cima, sintonizado, funcionando. Quando ele ia buscar uma semana depois, qualquer um comprava. Aí ele disparou como vendedor dos rádios desse cara que comprava na gringa e começou a ficar meio sócio do negócio. [QUOTE=1218] Mas a programação toda era gringa, em outras línguas. Ele ficava fascinado, mas não entendia nada do que estava rolando ali. Nessa ele descobriu que tinha que botar um conteúdo ali dentro, porque aquele da gringa não estava suprindo a necessidade. Olha como é parecido com a internet hoje em dia. E aí ele foi sozinho, aquele nordestino, bateu na Philips e falou que queria comprar ondas curtas, não sei que ondas, e comprou. Aí ele ia na farmácia Granado e falava: "Se eu fizer um reclame do seu sabão, você me dá um dinheiro para pagar o pianista?". Sabe quem foram os dois primeiros contratados dele? O contrarregra era o Noel Rosa, e a única cantora que ele botou de exclusividade era a Carmen Miranda. Foram os primeiros empregos de carteira assinada. E aí o programa cresceu. Começava de manhã, tipo programa do Silvio, e ia até de noite. Chamava Programa Casé.  E o seu pai? Meu avô viveu aquela era de ouro do rádio. Quando sentiu que o negócio estava ficando estranho, ele, um cara com pouquíssimos recursos de educação formal, pegou meu pai e falou: "vai para os Estados Unidos porque o negócio agora vai ser televisão". Ele fez um curso, incipiente, para entender do que se tratava. Voltou e montou o primeiro programa de televisão feito aqui no Rio de Janeiro, Noite de Gala. Então, tem uma coisa de pioneirismo tanto no rádio quanto na televisão. E meu pai sempre teve um interesse gigante na educação, como eu. Esse interesse veio de onde? Uma das coisas que constituem o DNA de tudo o que fiz, dos meus programas, é a educação. Um Pé de Quê, no Futura, o Brasil Legal e o Programa Legal, na TV Globo… Eu sou uma professora, fico tentando viver as duas coisas juntas. O meu pai tinha isso porque esse meu avô Casé era casado com a Graziela Casé, uma professora muito, mas muito idealista, vocacionada e apaixonada. Ela trabalhou com Anísio Teixeira, Cecília Meireles, fizeram a primeira biblioteca infantil. Meu pai fez o Sítio do Picapau Amarelo acho que querendo honrar essa professora, a mãe dele. Quando eu era menina, as pessoas vinham de uma situação rural trabalhar como domésticas, e quase todas, se não todas, eram analfabetas. A minha avó as ensinava a ler e escrever. Ela dizia: "Se você conhece uma pessoa que não sabe ler e escrever e não ensina para ela, é um crime". Eu ficava até apavorada, porque ela falava muito duramente. Eu acho que sou feita desse pessoal. Tenho muito orgulho de ter vindo de uma família que, sem recursos, sem universidade, foi pioneira na cidade, no país e em suas respectivas... Não digo “profissões” porque ainda nem existiam suas profissões. Eu tento honrar.  [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/03/67d49d1e03df5/header-regina-interna6.jpg; CREDITS=Christian Gaul; LEGEND=Em 1999, a atriz e apresentadora estampou as Páginas Negras da Trip; ALT_TEXT=] Você tem uma postura de liderança muito forte. Além de ter preparo e talento, você tem uma vocação para aglutinar, juntar a galera, fazer time. Por outro lado, tem essa coisa da atriz, que é diferente, talvez um pouco mais para dentro. Você funciona melhor sozinha ou como uma espécie de capitã, técnica e jogadora do time? Eu nasci atriz dentro de um grupo. E o Asdrúbal trouxe o Trombone não era só um grupo. Apesar do Hamilton Vaz Pereira ter sido sempre um autor e um diretor, a gente criava coletivamente, escrevia coletivamente, improvisava. Nunca consegui pensar individualmente, e isso até hoje é uma coisa que me atrapalha. Todo mundo fala: "escreve um livro". Eu tenho vontade, mas falo que para escrever um livro preciso de umas 10 pessoas de público, todo mundo junto. Sou tão grupal que é difícil. Ao mesmo tempo, eu tive que ser muito autoral. Eu, Tu, Eles foi a primeira vez que alguém me tirou para dançar. Antes eu fiz participações em muitos filmes, mas foi a primeira protagonista. Quase tudo que fiz fui eu que tive a ideia, juntei um grupo, a gente escreveu junto. Então, eu sempre inventei um mundo para mim. No teatro eu não achava lugar para mim, então tive que inventar um, que era o Asdrúbal. Quando eu era novinha e fui para a televisão, eu não ia ser a mocinha na novela. Então fiz a TV Pirata, o Programa Legal, o Brasil Legal. Aquilo tudo não existia na televisão, mas eu tive que primeiro inventar para poder me jogar ali. Eu sempre me acostumei não a mandar, mas a ter total confiança de me jogar.  E nos trabalhos de atriz, como é? No Asdrúbal eu me lembro que uma vez eu virei umas três noites fazendo roupa de foca, que era de pelúcia, e entupia o gabinete na máquina. Eu distribuía filipeta, colava cartaz, pregava cenário na parede. Tudo, todo mundo fazia tudo. É difícil quando eu vou para uma novela e não posso falar que aquele figurino não tem a ver com a minha personagem, que essa casa está muito chique para ela ou acho que aqui no texto, se eu falasse mais normalzão, ia ficar mais legal. Mas eu aprendi. Porque também tem autores e autores. Eu fiz três novelas com papéis de maior relevância. Cambalacho, em que fiz a Tina Pepper, um personagem coadjuvante que ganhou a novela. Foi ao ar em 1986 e até hoje tem gente botando a dancinha e a música no YouTube, cantando. Isso também, tá vendo? É pré-internet e recebo cortes toda hora, porque aquilo já tinha cara de internet. Depois a Dona Lurdes, de Amor de Mãe, e a Zoé, de Todas as Flores. Uma é uma menina preta da periferia de São Paulo. A outra uma mulher nordestina do sertão, com cinco filhos. A terceira é uma truqueira carioca rica que morava na Barra. São três universos, mas as três foram muito fortes. Tenho muito orgulho dessas novelas. Mas quando comecei, pensei: "Gente, como é que vai ser?". Não é o meu programa. Não posso falar que a edição está lenta, que devia apertar. O começo foi difícil, mas depois que peguei a manha de ser funcionária, fazer o meu e saber que não vou ligar para o cenário, para o figurino, para a comida e não sei o quê, falei: "Isso aqui, perto de fazer um programa como o Esquenta ou o Programa Legal, é como férias no Havaí".  Você é do tipo que não aguenta ficar sozinha ou você gosta da sua companhia". Então, como é que eu vou negar isso? Porque isso tudo está aqui dentro. Então, acho que você tem que ir pegando da vida, que nem a Dona Darlene do “Eu Tu Eles”, que ficou com os três maridos. A vida vai ando por você e você vai guardando as coisas que foram boas e tentando se livrar das ruins. A gente sabe que você tem uma rede de amizades absurda, é muito íntima de meio mundo. Eu queria brincar daquela história de te deixar sozinha numa ilha, sem internet, com todos os confortos, livros, música. Você pode ligar à vontade para os seus filhos, pro seu marido, mas só tem uma pessoa de fora do seu círculo familiar para quem você pode ligar duas vezes por semana. Quem seria o escolhido para você manter contato com a civilização? É curioso que meus grandes amigos não têm celular. Hermano [Vianna] não fala no celular, Caetano só fala por e-mail, é uma loucura, não é nem WhatsApp. Acho que escolheria o Caetano, porque numa ilha você precisa de um farol. Tenho outros faróis, mas o Caetano foi, durante toda a minha vida, o meu farol mais alto, meu norte. E acho que não aria ficar sem falar com ele. 
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Christian Malheiros: o Nando de Sintonia dá o papo
Christian Malheiros: o Nando de Sintonia dá o papo
Ator do sucesso da Netflix fala sobre sua trajetória e os desafios de representar a periferia no audiovisual “A gente tem que construir um novo jeito de pensar pessoas periféricas dentro do audiovisual", diz Christian Malheiros. “O cinema nacional tira a alma desses personagens, os torna pessoas sem empatia. É muito cruel, cretino. Meu trabalho vai na contramão. O meu personagem sente, tem medo, tem dois filhos. Não é e não pode ser um psicopata. O que fez ele chegar nessa situação?”. Com a chegada da quinta e última temporada da série "Sintonia", o ator que interpreta o Nando trocou uma ideia com o Trip FM sobre a responsabilidade e o significado de dar vida a personagens periféricos. “É fácil me taxarem como preto, favelado e sempre cair nessa caixinha. Não tenho problema em fazer outro bandido, são histórias que precisam ser contadas no cinema. Mas só tem isso pra mim? Por fazer personagens periféricos, as pessoas acham que é o que eu sou. Sou isso e muitas outras coisas", diz. “É uma linha tênue. Por eu ter perdido amigos e primos para o crime, me dá uma consciência do que estou retratando, de qual é esse sentimento, essa dor. Eu tenho uma responsabilidade social de retratar isso de forma digna.” Desde sua estreia no aclamado "Sócrates" (2019) — que lhe rendeu o prêmio APCA de melhor ator — até o estrondoso sucesso em "Sintonia", Malheiros se consolidou como um dos grandes nomes da nova geração de atores brasileiros. A produção, que em 2023 alcançou o topo do ranking global de séries de língua não inglesa mais assistidas da Netflix, chamou atenção pela Num papo com Paulo Lima, o ator também falou sobre sua própria história, sua família e como sua infância influenciou a forma como enxerga o mundo. “Uma figura paterna fez falta, mas eu fui forjado em uma educação feminina. E por isso eu sou muito grato. Fui educado para saber como tratar bem uma mulher, saber o seu valor e que ela é muito mais forte do que o homem: trabalha na rua, faz o serviço de casa, trabalha três vezes mais.” Sobre conquistas materiais, Christian destacou a importância de garantir estabilidade para si e sua família. “Pra quem é de periferia, ter um teto e um carro é uma demonstração de que você está tranquilo na vida. O resto é lucro. Minha mãe sempre me falou para ter o ‘meu teto’. Morar de aluguel e investir o dinheiro, do lugar onde eu vim, é balela. Morar de aluguel é desesperador.” Quer saber o que mais rolou nessa conversa? O programa fica disponível no play aqui em cima e no Spotify  [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/02/67c0d86cca8a0/christian-malheiros-sintonia-serie-netflix-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Christian Malheiros; ALT_TEXT=Christian Malheiros]
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As sete vidas de Tainá Müller
As sete vidas de Tainá Müller
Uma das primeiras a deixar a televisão pra se aventurar no streaming, a atriz fala sobre o que guia suas escolhas, felicidade e maturidade "Decidi ser atriz porque entendi desde cedo que a vida, no curto espaço que ela me oferece, não daria conta de tudo o que eu queria fazer", diz Tainá Müller. Uma das primeiras a deixar a televisão e se aventurar no streaming, para dar vida a uma escrivã de polícia na série "Bom Dia, Verônica" (2020), a atriz bateu um papo sincero com Paulo Lima no Trip FM sobre sua trajetória, felicidade e amadurecimento. "Eu me sinto, de fato, mais inteligente do que quando era mais jovem. A gente costuma falar 'mais sábia', mas é mais inteligente mesmo. Você saca o código de como funcionam as coisas, a vida, as pessoas, as relações", conta. Em cartaz ao lado de Reynaldo Gianecchini na peça “Brilho Eterno”, ela também compartilha experiências sobre a gravação da série “Faro”, para a RTP de Portugal, e promete o lançamento de um documentário emocionante sobre paternidade trans, que acompanha a vida dos artistas Isis Broken e Lourenzo Gabriel. O programa fica disponível aqui no site da Trip e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/02/67b8d43c85233/taina-muller-atriz-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Jorge Bispo; LEGEND=Tainá Müller; ALT_TEXT=Tainá Müller] Trip. Em que momento você decidiu que queria ser atriz? Tainá Müller. Decidi ser atriz porque, desde cedo, entendi que a vida, no tempo que me oferecia, não daria conta de tudo o que eu queria fazer. Ser atriz é como um menu degustação: permite experimentar diferentes vidas e emoções. Em uma entrevista, você mencionou um momento fugaz de felicidade plena que sentiu ao ear com seu marido. O que tornou esse instante tão especial e marcante para você" com o tempo, mas acho que ficamos realmente mais inteligentes — se não nos descuidarmos. Se exercitarmos a mente e fizermos boas escolhas, começamos a entender melhor o código das coisas, das relações, da vida. Acho importante lembrar que tudo é efêmero, tanto a posição de sucesso quanto os momentos difíceis. Isso guia as minhas escolhas.
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Sergio Zimerman: de palhaço a rei do varejo pet
Sergio Zimerman: de palhaço a rei do varejo pet
CEO da Petz defende impostos maiores para os mais ricos, fala de sua trajetória e mostra que nem todo empresário precisa pensar igual "O verdadeiro teste de caráter de um profissional está em como ele trata quem faz a limpeza da loja ou descarrega um caminhão", diz Sergio Zimerman, fundador da Petz e um dos maiores nomes do setor de varejo no Brasil. "O respeito é inegociável e vai além da hierarquia. Mais importante do que respeitar grandes fornecedores é saber como tratamos os pequenos, que dependem de nós". Com uma história que começou na lojinha do pai e hoje a pelo comando de um império no setor de animais de estimação, Zimerman tem uma visão que desafia os clichês do empreendedorismo no Brasil. Diferente de muitos empresários, ele defende abertamente uma tributação mais justa e critica a estrutura fiscal brasileira, que, segundo ele, favorece a desigualdade. “Quanto mais você ganha, menos imposto você paga. Como um país pode ser forte tirando a capacidade de compra da população?", questiona o empresário, que se tornou uma figura conhecida na televisão no programa Shark Tank Brasil, ajudando a impulsionar novos empreendedores. No Trip FM, Zimerman bate um papo com Paulo Lima sobre sua trajetória, o processo de fusão de sua empresa com a outra gigante do segmento, a Cobasi, e os desafios e a realidade do empresariado no Brasil. Você pode ouvir essa conversa no play aqui em cima ou no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/02/67af88ea2f9bd/sergio-zimermam-ceo-petz-caes-gatos-pet-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Sergio Zimermam; ALT_TEXT=Sergio Zimermam] Trip. Você critica bastante o sistema tributário brasileiro. O que você vê de errado nele? Sergio Zimerman. O capitalismo, por natureza, concentra riqueza. O sistema tributário deveria servir como um contrapeso a essa concentração, mas no Brasil ele faz o oposto: reforça a desigualdade. Quanto mais você ganha, menos imposto você paga, proporcionalmente. O operador de caixa paga mais imposto que o gerente, o gerente paga mais que o diretor, e o sócio da empresa paga menos que todos eles. Como um país pode ser forte tirando a capacidade de compra da população? Você acha que, em nome dessa humanização do animal, alguns donos têm exagerado no cuidado com os pets? Ao longo dos meus 22 anos nesse mercado, aprendi que a maioria dos procedimentos feitos para os pets não é excesso. A linha que divide o que deveria ou não ser feito não pode ser um julgamento baseado em achismos ou modismos. O critério mais importante é: faz bem ou faz mal? Se fizer mal, não importa o que seja, não deveria ser feito. Mas se faz bem e melhora o bem-estar do animal, não cabe julgar como um capricho. Você tem algum arrependimento pelo tempo que dedicou ao seu negócio? Montar um negócio do zero, crescer e atingir a liderança de mercado exige uma dedicação extrema. Mas a forma como enxergamos nossa trajetória faz toda a diferença. Assim como a falência pode ser uma escolha de perspectiva, o sucesso também é. Muitas pessoas se arrependem por não terem ado mais tempo com a família, mas eu prefiro olhar para tudo que construí. Minha escolha é a gratidão pelo que fiz, pelas pessoas que ajudei e pelos meus quatro filhos, que são independentes e seguiram seus caminhos.
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O melhor do Trip FM em 2024: Bruno Mazzeo
O melhor do Trip FM em 2024: Bruno Mazzeo
Confira um dos melhores papos que rolaram no ano enquanto preparamos mais episódios inéditos para 2025 Durante o período de férias de verão, nossa equipe selecionou alguns dos melhores papos do ano de 2024. Se você ainda não ouviu (ou que rever a conversa), aqui está uma das escolhidas. "Estou me aproximando dos 50 e vendo tudo o que aprendi dando uma balançada forte. E aí eu me pergunto: eu ainda sirvo nesse lugar? As pessoas que encontraram o seu espaço para se comunicar na internet falam muito diretamente com esse público, sobretudo o mais jovem. Essa é grande questão: como se adaptar a isso e aceitar sem julgamento", reflete o ator Bruno Mazzeo. Em uma conversa com o Trip FM, o roteirista e humorista conta sobre sua experiência "na selva", referindo-se ao primeiro trabalho fora da Rede Globo, a peça teatral "Gostava Mais dos Pais".  Ao lado do tamabém ator Lucio Mauro Filho, o artista analisa, neste espetáculo, as vantagens e desafios de ser filho de uma personalidade famosa — Bruno é filho do eterno humorista Chico Anysio, falecido em 2012.  "Nunca foi um fardo, talvez porque tenha construído uma carreira diferente a do meu pai, com um estilo de humor único. Pelo contrário, sempre foi motivo de orgulho, e, por isso, permito-me brincar com isso, inclusive com o fato de as pessoas na rua frequentemente expressarem sua preferência por meu pai, o que acho totalmente justo. É claro, eu também prefiro."  Na conversa, Bruno aborda temas como cinema, críticas, jornalismo, humor na internet e muito mais. A entrevista completa você escuta aqui no play aqui em cima ou no Spotify.
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Boni: A TV e o Brasil estão igualmente sem rumo
Boni: A TV e o Brasil estão igualmente sem rumo
Veterano da comunicação relembra suas origens no rádio e o início da TV Globo, que ele ajudou a transformar na maior emissora brasileira “Sou adepto de uma coisa fundamental, a emoção. Não há vida sem emoção em nenhum campo, nenhum trabalho, nada que a gente faz, nem mesmo na vida da gente. Sou um cultivador da emoção por excelência.” Aos 89 anos, com mais de 70 deles dedicados à televisão, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, abre o 41º ano do Trip FM com uma entrevista especial.  O veterano da comunicação exibe seu pensamento afiado ao falar sobre educação, negócios, política e vida — e, claro, sobre televisão, sua grande paixão. Na conversa, Boni relembra suas origens no rádio e o início da TV Globo, que nasceu do zero e se tornou uma gigante graças à sua parceria com Joe Wallach e Walter Clark. Ele também reflete sobre a relação da emissora com o regime militar e os desafios de manter viva a dramaturgia e o jornalismo em tempos de censura. Boni fala ainda sobre a essência da televisão, que, para ele, deve ser o mais distante possível de uma empresa tradicional. “Se você lidar com artistas como se estivesse istrando um banco ou uma fábrica de linguiça, está perdido. A televisão é uma indústria, mas um artesanato ao mesmo tempo. O conteúdo precisa ter emoção, porque é isso que conecta o público.” Além do universo da TV, Boni comenta os desafios da educação no Brasil e a necessidade de preparar os alunos para a vida de forma prática e significativa. Ele também fala sobre seu livro, O Lado B de Boni, onde revela bastidores e histórias inéditas de sua trajetória. A entrevista está no Spotify e aqui, no site da Trip. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2025/02/67a65eb54b679/boni-rede-globo-jornalista-televisao-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Renan Olivetti (@olivetti); LEGEND=Boni (@oladobdeboni), ex-diretor da TV Globo, publicitário e empresário; ALT_TEXT=Boni] Trip. Você me parece alguém que tem ao mesmo tempo uma vertente racional e um lado de quem enxerga o sonho. O que é mais natural para você, o campo da arte ou da organização? Ficção é muito mais prazeroso: você pode imaginar e fazer o que quiser. A realidade é mais dura.Eu sou um operário, operário de colocar de pé o sonho, fazer ele acontecer.  Não há vida sem emoção em nenhum campo, nenhum trabalho, nada que a gente faz, nem na vida da gente. Eu sou emotivo, Eu é um cultivador da emoção por excelência. Você diz que faltou um pouco de carinho da TV Globo quando o deu "um pé na bunda", como você mesmo diz. Foi isso mesmo?  Toda empresa precisa mudar seus executivos, mas, quando eu saí da TV Globo, eu esperava algo mais importante do que gratidão: o reconhecimento pelo que foi feito. Nós construímos aquilo do zero. Roberto Marinho foi um visionário, mas, se não fosse a presença do Walter Clark, do Joe Wallach e minha, aquilo não existiria. Você acredita que sua forma de gerir a TV Globo incomodava algumas pessoas? Esse clima fantástico que eu criava na TV Globo incomodava, principalmente algumas pessoas de cima. Eles achavam que nosso negócio era muito paternalista. Mas como é que você pode lidar com os artistas se não for paternalista? Como é que você pode respeitar essa classe maravilhosa? Como é que você pode conviver com essas pessoas? Se você tiver a mentalidade de uma fábrica de linguiça ou de um banco, como vai istrar artistas? Não é istrar bancários, é uma coisa muito diferente. Não é fabricar salsicha, não dá nem para encher linguiça! Eles queriam ter uma empresa mais parecida com uma empresa tradicional. Mas a televisão, no meu entender, tem que ser o mais distante possível de uma empresa, porque, embora seja uma atividade industrial, é um artesanato, uma indústria artesanal.
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O melhor do Trip FM em 2024: Tamara Klink
O melhor do Trip FM em 2024: Tamara Klink
Confira um dos melhores papos que rolaram durante este ano enquanto preparamos mais episódios inéditos para 2024 Durante o período de férias de verão, nossa equipe selecionou alguns dos melhores papos do ano de 2024. Se você ainda não ouviu (ou que rever a conversa), aqui está uma das escolhidas. Era julho quando Tamara Klink partiu da costa da França a bordo do Sardinha 2, um veleiro de dez metros de comprimento, rumo à Groenlândia. Há quase um ano, ela navegou por vinte dias entre icebergs para chegar a um dos territórios mais remotos do mundo, onde o sol se esconde durante todo o inverno e o mar se transforma em gelo. Foi ali que aportou sua embarcação para se transformar na primeira mulher a completar o período de invernagem sozinha no Ártico – em outras palavras, ar o inverno isolada no barco preso no gelo. Durante oito meses, a velejadora viveu entre raposas, corvos e ptarmigans em temperaturas que variam entre -20ºC e -40ºC, em contato com a civilização por e-mails curtos e textos publicados por uma amiga em seu Instagram. Aos 27 anos, Tamara descobriu como enxergar através dos pequenos ruídos no meio do silêncio, sentiu falta de um dicionário – e também de algumas palavras para definir os sons, cheiros e gostos que experimentou –, aprendeu a tocar músicas no violão e inventou outras tantas quando as cifras acabaram e viu as pessoas que deixou em terra firme se transformarem em rascunhos abstratos na sua cabeça, tão verdadeiros quanto os personagens dos livros que lia. Filha da fotógrafa e empresária Marina Klink e de Amyr Klink, um dos maiores velejadores do mundo, Tamara escreveu mais um capítulo de uma história que é só sua – e, ao contrário do que muitos esperam, sem contar com conselhos ou orientações do pai. Em sua primeira entrevista depois da invernagem, Tamara Klink bateu um papo exclusivo com Paulo Lima no Trip FM. Ela conta o que aprendeu sobre si e sobre a vida, fala de sexualidade, música, sonhos e os maiores desafios nesse projeto – cair na água congelante ao pisar no gelo fino foi só um deles. Você pode ouvir essa conversa no play nesta página, no Spotify ou ler a seguir.
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O melhor do Trip FM em 2024: Vera Holtz
O melhor do Trip FM em 2024: Vera Holtz
Confira um dos melhores papos que rolaram durante este ano enquanto preparamos mais episódios inéditos para 2024 Durante o período de férias de verão, nossa equipe selecionou alguns dos melhores papos do ano de 2024. Se você ainda não ouviu (ou que rever a conversa), aqui está uma das escolhidas. Prestes a colocar a sua peça “Ficções” de volta em cartaz em São Paulo, a atriz Vera Holtz bateu um papo com Paulo Lima no Trip FM sobre amor, morte e como conquistou a internet sem precisar expor a sua vida pessoal (o que lhe rendeu o apelido de Vera Viral). “Eu não conseguia pensar na hipótese de ter uma rede social. Até que um dia fiz uma foto com um saquinho na cabeça e pensei ‘vamos trabalhar com isso nas redes sociais’. Quando começamos a desenvolver essa ideia de tirar foto de frente, lado e costas, aí expandiu e não parei mais”, conta ela. “Hoje eu até tenho a ideia, mas como voltei ao teatro não tive mais tanto tempo para produzir. Mas eu gosto do espaço das redes sociais. Só que precisam entender que a Vera Viral é temperamental, só aparece na hora que ela quer. É uma entidade livre.”  Diferente da maioria das jovens que nasceram no interior de São Paulo na década de 50, a atriz nunca sonhou em ter marido e filhos. Criada em uma família muito amorosa – e numerosa –, ela ouvia do pai: primeiro você se forma, depois se casa. “Ele dizia: ‘você precisa ter liberdade econômica e não depender do seu parceiro’. Era uma família diferente nesse sentido”. Ainda criança, ela anunciou que não queria ter filhos. “Eu não sei o que deu na cabeça daquela menina jovenzinha de decidir: ‘Ó, não esperem netos de mim. Eu não vou ter filhos’. E foi um escândalo. Minha mãe falou: ‘Ah, lá vem mais uma da Vera”, lembra. A atriz não mudou de ideia nas décadas seguintes e teve que aprender a não escutar os questionamentos e cobranças alheias. “Eu não me preocupava muito com isso, talvez porque eu tivesse a minha escolha bem embasada”, conta. Essa conversa fica disponível no Spotify e no play aqui em cima.
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O cérebro do caranguejo: o mundo livre de Fred Zero Quatro
O cérebro do caranguejo: o mundo livre de Fred Zero Quatro
Líder da banda Mundo Livre S/A e um dos criadores do movimento manguebeat fala sobre a efervescência cultural do Recife "A pressão por estar sempre conectado é tão opressiva que se torna um trabalho em tempo integral. Você não usa o aplicativo, você é o aplicado. Um empregado das redes sociais. A música perde o sentido de criação e reflexão e o objetivo vira o seguidor", afirma Fred Zero Quatro em um bate-papo com Paulo Lima no Trip FM. Cantor, jornalista, guitarrista e compositor, Fred é líder da banda Mundo Livre S/A e um dos nomes mais importantes do movimento manguebeat, que revolucionou a cultura brasileira nos anos 1990, ao lado de Chico Science. No programa, Fred fala sobre a decisão de permanecer no Nordeste, a efervescência cultural do Recife, reflexões sobre o Brasil, música e muito mais. O programa fica disponível no Spotify e no play aqui em cima. Trip. Quais condições você acha que permitiram o surgimento do manguebeat? Fred Zero Quatro. A gente cresceu em um estado com uma riqueza cultural absurda. Tinha o legado de Josué de Castro, Gilberto Freyre, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira... Sem falar no Carnaval, no maracatu. Chega a ser opressiva a efervescência da cultura de raiz em Pernambuco. Mas, em um certo momento, o Nordeste teve sua economia sufocada pela ascensão da indústria no Sudeste. E aí a gente botou na cabeça: “Ou a gente muda de lugar, ou muda esse lugar.” Com você acha que está a música hoje? Mais assustador que o poder da grana é o poder do algoritmo. Como essa geração conhece a música? A primeira coisa que o jovem escuta já o prende no sofá para sempre, porque são 300 mil algoritmos enchendo a sua bolha, cada vez mais limitada. O nível de competição por likes em todo o setor cultural é algo assustador. Discute-se hoje a jornada 6x1, mas o artista ainda está no 24x7. É tão opressiva essa pressão por estar conectado que vira algo full time. Você não usa o aplicativo; você é o aplicado. Você é um empregado das redes sociais. A música perde o objetivo da criação, da reflexão. O objetivo a a ser somente o seguidor.
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Thomás Aquino: da pirofagia ao topo da TV
Thomás Aquino: da pirofagia ao topo da TV
Ator de "Bacurau", Thomás Aquino reflete sobre a arte como resistência e conta sua trajetória do teatro de rua à TV e ao cinema "Quando você diz que é artista, as pessoas te chamam de vagabundo, como se você não fosse nada, alguém sem valor. Mas é exatamente o contrário: também somos parte da construção social. Uma música, uma poesia – tudo isso estimula a mente e nos faz pensar além", diz Thomás Aquino. Parte de uma nova geração de artistas que emergiram nos palcos do Recife, o ator de "Bacurau" e da série "Os Outros" (Globoplay) começou a carreira no teatro. Foi em sua estreia na capital pernambucana, numa montagem da peça "O Grande Circo Místico", que ele aprendeu habilidades que garantiram seu sustento nos primeiros anos de carreira. "Quando eu estava sem trabalho, usava as ferramentas que aprendi no circo pra fazer uma grana na rua. Eu lembro que me contrataram pra fazer eventos no Carnaval e aí pode cuspir fogo. Foi o que me salvou no aluguel. E me trouxe maturidade e humildade", contou ao Trip FM. Em um bate-papo com Paulo Lima, Thomás reflete sobre as diferenças culturais entre São Paulo e Recife, explora o impacto transformador do teatro e do cinema na sociedade e conta seus planos para o futuro – spoiler: em 2025, ele estará na novela "Guerreiros do Sol" e no filme "O Agente Secreto". O programa fica disponível no Spotify e no site da Trip. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2024/11/674a3146c1874/thomas-aquino-ator-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Rayssa Zago (@fotografia.dela); LEGEND=Thomás Aquino; ALT_TEXT=Thomás Aquino] Trip. Como foi o início da sua trajetória no teatro? A minha primeira peça foi "O Grande Circo Místico", de Chico Buarque. Eu fiz lá em Recife e, aí, aprendi muita coisa de circo. E, enquanto eu não tinha uma peça para fazer ou algum trabalho, eu usava as ferramentas que aprendi no circo pra fazer uma grana, uma boquinha na rua, né? Eu lembro que, enfim, me contrataram pra fazer eventos no Carnaval e, aí, pude cuspir fogo. Se acendesse um fósforo perto de mim, era capaz de eu explodir depois, porque era o tempo inteiro fazendo. Foi o que me salvou ali no aluguel, sabe? Eu digo que foi um aprendizado e dou graças a Deus que eu ei por aquilo, porque me trouxe maturidade, me traz humildade, me traz atenção ao trabalho, me traz dedicação, me traz saber que o dinheiro, ele é importante, mas até quanto, né? Qual o papel de Recife na sua formação como artista? Recife é uma região muito rica de cultura. Uma cultura, sim, que nos alimenta pra entender o quão forte você pode ser. Recife foi minha escola de teatro pra estar aqui em São Paulo e construindo minha vida, minha história de teatro, de improviso e de cinema. Então, Recife, pra mim, é um coração, sabe? Assim, o fato de eu estar morando aqui em São Paulo realmente foi a vida que me trouxe pra cá. E, aí, eu vi que aqui é outro tipo de cultura que poderia somar com a cultura que eu já tinha de Recife. Como você lidou com as primeiras críticas na carreira Depois da minha primeira temporada, saiu uma crítica no jornal falando que eu era a pior coisa da peça. Ao invés de me abalar, eu pensei: ‘Pô, faz sentido essa crítica?’. Eu quero ser ator, porque eu senti que eu queria ser ator. Quando eu senti os primeiros aplausos no primeiro dia, quando eu estava naquela peça, mesmo sendo ruim na atuação, eu disse: ‘Nossa, e as pessoas vieram de casa prestigiar o teatro, eu apresentei um personagem e essas pessoas estão aplaudindo’. Então, eu me senti muito vivo, sabe? O que Bacurau representou na sua trajetória? Com certeza, Bacurau, pra mim, foi um divisor de águas. Não digo que eu estou tranquilo pra que meu corpo não amoleça, porque a batalha ainda é muito grande, assim, da vida, né? Como eu sou um lutador de teatro, eu quero estar com o meu corpo sempre pronto. Eu não sei fazer outra coisa. Eu sou muito insistente, eu sou teimoso. Como você lidou com os padrões estéticos impostos pela sociedade? Em vários momentos, eu me sentia o patinho feio. Todo mundo tem sua beleza específica, particular. Só que foi determinado que apenas olhos claros, loiros e loiras, e brancos eram os padrões, né? Isso, com certeza, vem dessa construção racial, social.  
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2 de Ouro: Sidarta Ribeiro e Eduardo Schenberg
2 de Ouro: Sidarta Ribeiro e Eduardo Schenberg
Série comemorativa dos 40 anos de Trip FM traz dois neurocientistas para discutir maconha, sono e o estado de saúde do Brasil Para comemorar 40 anos no ar, o Trip FM lança uma série de programas com os entrevistados que marcaram a trajetória do programa. No terceiro episódio, os neurocientistas Eduardo Schenberg, fundador do Instituto Phaneros, e Sidarta Ribeiro, professor e fundador do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), falam sobre um assunto que segue sendo tabu: o uso medicinal de substâncias psicoativas.  [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2024/11/6740e20c027bd/sidarta-ribeiro-eduardo-schenberg-neurocientista-psicodelicos-medicina-cannabis-mdma-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Acervo Trip Transformadores; LEGEND=Sidarta Ribeiro; ALT_TEXT=Sidarta Ribeiro] No episódio que reúne dois dos maiores especialistas brasileiros no assunto, a conversa é sobre cannabis, MDMA, mas não só. Eles discutem o sono, o contato com a natureza para uma mente mais saudável, assim como a relação entre ciência e culturas ancestrais. Você pode ouvir no Spotify ou no play aqui em cima. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2024/11/6740e2308719d/sidarta-ribeiro-eduardo-schenberg-neurocientista-psicodelicos-medicina-cannabis-mdma-trip-fm-mh1.jpg; CREDITS=Acervo Trip Transformadores; LEGEND=Eduardo Schenberg; ALT_TEXT=Eduardo Schenberg]
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Flavio Botelho: cineasta filma a vida após a morte
Flavio Botelho: cineasta filma a vida após a morte
Diretor transportou para a ficção a experiência real de luto vivida por ele e sua família após a morte de sua irmã No filme “A Metade de Nós”, Flavio Botelho transportou para a ficção a experiência real de luto vivida por ele e sua família após a morte de sua irmã, em 2007, aos 36 anos. Dirigido por Flávio, o longa conta a história de Francisca e Carlos, que perdem o único filho por suicídio. Enquanto a mãe, assombrada pela culpa, se dedica a desvendar os porquês, o pai se aliena na vida do filho morto e se muda para a casa dele. Transportar para o cinema uma experiência pessoal tão dolorosa foi uma jornada difícil, mas necessária. Ao abordar o suicídio de forma sensível e delicada, Flávio encara a importância de falar abertamente sobre o luto, ainda tão cercado de tabus. Para ele, foi também uma forma de cura e reconexão com a memória da irmã. “Eu consegui, eu acho, ficar perto da minha irmã, saber e entender mais esse processo dela, mergulhar na nossa história. Ela era companheirona, super amorosa, carinhosa. Então quando eu falo dela, sinto que ela está perto”, contou em entrevista ao Trip FM.No programa desta semana, o cineasta compartilhou com Paulo Lima os bastidores e os sentimentos que guiaram a criação de seu novo filme. O episódio, disponível no play, é um convite à reflexão sobre como honrar a memória daqueles que se foram e transformar a dor em aprendizado e acolhimento. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br//2024/11/672e57682d45e/flavio-botelho-cineasta-diretor-roteirista-filme-longa-a-metade-de-nos-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=A Metade de Nós, longa metragem do cineasta, diretor e roteirista Flávio Botelho; ALT_TEXT=A Metade de Nós, longa metragem do cineasta, diretor e roteirista Flávio Botelho]  
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